Ninguém nasce excelente. Toda a forma de excelência supõe a mestria de saberes, de saber fazer, de técnicas específicas. Fruto de uma aprendizagem de base, esta mestria é em geral conseguida e desenvolvida com o preço de um trabalho constante de treino ou aperfeiçoamento. Uma parte das aprendizagens de base que conduzem à excelência começa numa escola, por vezes desde a escolaridade obrigatória. Mas nenhuma escolaridade garante a escolência!
Uma formação escolar dá pelo menos as qualificações requeridas para se envolver decentemente na prática. A maioria dos grandes artistas, dos grandes profissionais, dos grandes campeões não se aproximam da excelência antes de se tornarem os seus próprios mestres. Se a excelência não é irremediavelmente solitária, ella situa-se em geral para além do que se pode ensinar.
(Philippe Perrenoud, “Anatomie de l’Excellence Scolaire” in Autrement, 1987, p. 95, disponível também aqui, tradução minha sem grandes requintes)
Dezembro 28, 2006
Dezembro 28, 2006 at 9:53 pm
Este texto levou-me a lembrar a questão das antigas Escolas Técnicas. Num país e sistema de ensino pejado de teóricos da educação, de teorias e mais teorias, de contextos, de temáticas, de pedagogias pegajosamente emaranhadas e entranhantes de inutilidade, elas as verdadeiras culpadas disto tudo, deste descalabro, este plano, quase me atrevo, para destruir Portugal e a sua essência como país!
O país não tem técnicos…porque não tem escolas técnicas! Não tem gente de produção, para além da gente do caderno e livro. Dos cursos de caderno e livro, das teorias rebuscadas em raciocinios ocos de conteúdo, inúteis como o vento e a conversa.
O país não tem saídas, para além do desemprego dos licenciados. Mas continua a ter obtusos mestres em “ciências do eduquês”.
Eis a “formação para a excelência” e os seus verdadeiros resultados!
O caminho da continuação da cegueira!
Entre outras!
Dezembro 28, 2006 at 10:17 pm
Outro com o choradinho das escolas técnicas…Como dizia o outro, “não havia necessidade…”.
Dezembro 29, 2006 at 2:47 pm
Caro PJ, remeto novamente para o texto que escrevi anteriormente. Se não o entendeu ou enfiou a carapuça, só posso lamentar. Acho que fui bem explicito.
Teoria e mais teoria!!!
Dezembro 29, 2006 at 9:14 pm
Teoria e mais teoria. Seja.
Mas já agora, meu caro, diga-me uma coisa. O seu knickname é Anti-Rousseau. Depreendo que não gosta de Jean-Jacques Rousseau. Exactamente o que é que não gosta neste filósofo que o fez escolher este knick?
Dezembro 30, 2006 at 10:07 pm
Obviamente este “nick”, se é que lhe devo essa explicação, não tem nada a ver com Jean Jacques Rousseau, mas sim com aquilo que considero ser o mais negativo da sua interpretação no modelo educativo que hoje vigora.
Ora pense lá um bocadinho!