Eu já recebi a indicação deste link há vários dias e foi mesmo um dos motivos porque fiquei com pior impressão sobre os materiais disponibilizados pelo ME/DGIDC para apoiar a generalização da TLEBS. Não entrei numa análise específica porque relembrei os terrores dos meus 8º e 9º anos unificados, mais daquele do que deste, porque no caso do 9º a extrema qualidade do professor ultrapassou estes escolhos. Apesar de razia generalizada na turma, não me fez desgostar de nada do que ensinou e os Lusíadas passaram de forma pacífica juntamente com A Abelha na Chuva e A Farsa de Inês Pereira (neste caso com gáudio generalizado mesmo entre os mais renitentes).

Para além disso, não sendo das Literaturas nem da Linguística não tenho o arcaboiço técnico para aprofundar muito a minha crítica para além de apontar o óbvio, ou seja, o pavor que é usar como exemplo da obra em causa tal estrofe e depois bombardear os alunos com aquelas propostas de análise.

Eu sei que não se deve recusar o que é difícil apenas porque é difícil. Agora acho que se deve tentar clarificar ao máximo a forma de abordar conteúdos difíceis, o que é muito diferente de simplificá-los.

Sendo contra a simplificação dos conteúdos sou totalmente favorável a métodos de trabalho que clarifiquem e permitam que o que é complexo possa ser assimilado, com esforço é certo, de uma forma não desnecessariamente agressiva. E neste caso o que se passa é uma verdadeira agressão, mascarada de modernismo powerpointiano e de um prazer taxidermista pelo detalhe.

E se o nosso desejo é despertar, manter ou aprofundar o gosto pela leitura dos clássicos esta é realmente a forma errada de o fazer. Para dividir e classificar frases ou para identificar predicados há outros textos bem mais adequados. Os Lusíadas são para saborear a linguagem. Não para amortalhá-la com etiquetas.