João Costa, Presidente da Associação Portuguesa de Linguística aparece hoje em artigo de opinião na revista Visão a, por um lado, defender a TLEBS dos ataques que tem sofrido nos últimos tempos e, por outro, a colocar em perspectiva a sua aplicação acrítica nas escolas.
Não podia estar mais de acordo com as passagens destacadas, em que o articulista indica que a TLEBS não revoga os programas vigentes nem o currículo nacional, assim como os docentes devem ter margem de autonomia para a adaptar às suas necessidades. Não esquecendo ainda uma estocada aos manuais em que a TLEBS terá sido «despejada sem critério».
O problema é que anda muita gente sobre brasas e com o permanente receio de ser penalizada por não aderir o mais rapidamente às novas directrizes ministeriais, assim como há aquele tipo de fundamentalistas que quiseram imediatamente mudar tudo o que havia para acomodar a TLEBS em todo o tipo de materiais. Isto para não falarmos no desespero que existe em busca de novas Gramáticas como se o sol amanhã não nascesse caso as ditas não sejam encontradas, agora, já e imediatamente.
Eu, com toda a sinceridade e cepticismo do costume, vou apenas introduzindo o que considero passível de assimilação pelos alunos que tenho, de acordo com a sua idade e capacidade, sendo um pouco selectivo nas pressas de me mostrar no ponto. Agora que em algumas mentes há uma correria desenfreada em busca de tudo e mais alguma coisa para tornar a TLEBS quase que um cânone novo da componente de Gramática do programa de Língua Portuguesa, lá isso é indesmentível.
Em alguns casos é apenas precipitação amedrontada. Mas em outros é mesmo aceitação acrítica, com o manto de erudição modernaça.
Novembro 17, 2006 at 12:06 pm
Este post é (ou seria?) importante para acalmar os ânimos e mostrar o caminho do bom senso. Mas não sei se este ME se importará muito com imposições que sejam ingerências nos programas ou currículo nacional, dado o que se pode ler na DGIDC (ME), desde eperiências ridículas que o ME publica até títulos como “Experiência pedagógica da TLEBS –
conclusões do primeiro ano;
princípios e sugestões para a generalização” (generalização – destaque meu).
Novembro 17, 2006 at 12:22 pm
Então e os materiais que por lá se encontram das experiências-piloto?
Se aquilo é o melhor que se arranja!
Novembro 17, 2006 at 2:07 pm
Quanto aos materiais e às experiências de didactização, temos dito; já tenho enviado – e enviarei, a quem mo peça – verdadeiras pérolas de ignorância do que é a didáctica da lingua e dos mecanismos implicados na aprendizagem.
Mas, Paulo Guinote, o problema não é o do bom-senso, ainda que acreditemos – e penso que isso é, para mim como para si – nos professores deste país.
O verdadeiro está na própria tlebs que, repito-o, não tem coerência interna nem consistência científica. Por isso é que, apesar de todo o sofrimento causado a alunos e professores, NINGUÉM -nem o ME, nem os formadores, nem os linguistas, ou outros, que saem em defesa da coisa – vem a público delimitar o que, efectivamente, possa ser exigível aos alunos no domínio do que, na última versão do “eduquês” e para ser mais exacta, se designa como “conteúdos declarativos” ou “conteúdos funcionais. De modo a que todos me possam compreender, explico com devida modéstia o que consigo perceber destas nebulosas designações: ninguém nos diz a extensão taxonómica requerida para cada cada assunto ou domínio, e muito menos a do raciocínio metalinguístico, quer este seja conducente a uma taxonomia, quer constitua um objectivo em si mesmo.
Lembra-se, seguramente, das evasivas do “outro Paulo” quando confrontado com uma questão tão simples como a do advérbio (cf. TLEBS ou o dlírio taxonómico e sequelas; lembra-se, seguramente da desfaçatez com que afirmava que não via traços chomskianos no monstro (quando em recente – se não mesmo neste – comentário, o presidente da APL o confirma.
NINGUÉM O DIZ PORQUE NINGUÉM SABE, E NÃO ME PARECE QUE SEJA FÁCIL SABÊ-LO: QUANTOS TENTÁCULOS – E QUAIS – SE PODEM CORTAR A UM POLVO SEM QUE ELE DEIXE DE SÊ-LO?
Ao vosso inteiro dispor para o demonstrar com exemplos mais minudentes, ao dispor da APL para o discutir.
Novembro 21, 2006 at 1:11 am
Parece-me que não andamos a ler as mesmas coisa, Paula, mas aqui vai:
– não me parece que tenha sido evasivo sobre a questão do advérbio.
– o presidente da APL diz exactamente o contrário do que a Paula afirma na carta que saiu no Público. Que a TLEBS não é chomskyana e que também não o é o que foi feito nas escolas nos anos 80.
O grande mérito do que o presidente da APL publicou nestes dois textos, que me parecem, como o Paulo G. diz, de grande bom senso é recolocar a TLEBS no sítio certo e responder à dúvida da Paula, quando explica que o que é exigível dos alunos é apenas o que está nos programas.