Esta é para todos que defendem a mudança pela mudança, porque acham que a mudança é boa só porque muda. Eu nesse aspecto sou conservador, acho que só vale a pena mudar para melhor e que a mudança, por si só, não é um valor acrescentado. E já agora para os que pensam que reformando a Educação ficam desculpados de não reformar a Sociedade que a envolve.
«Em teoria, o propósito da mudança educacional é, presumivelmente, ajudar as escolas a atingirem os seus objectivos de forma mais efectiva, substituindo algumas estruturas, programas e/ou práticas por outras melhores. (…)Mudar apenas por mudar não ajuda. Programas novos podem não fazer qualquer diferença, ajudar a melhorar a situação ou torná-la pior. A diferença entre mudança e progresso pode ser encarada mais claramente se perguntarmos: E se a maioria das mudanças educacionais introduzidas nas escolas, tornaram efectivamente as coisas piores, mesmo se sem intenção, do que se nada tivesse sido feito? Por detrás deste tema está também a questão da relação entre mudança educacional e social. Há certos limites para o que a educação pode fazer pelas hipóteses de vida dos indivíduos. A mudança educacional não é um substituto para a reforma social.» (Michael Fullan e Suzanne Stiegel Bauer, The New Meaning of Educational Change, 2ª edição, 1991, p. 15)
Outubro 13, 2006 at 10:08 pm
Este post leva-me em linha recta a uma das minhas embirrações de estimação: que razão pode justificar que existam departamentos no Ministério dedicados à INOVAÇÃO?? Que raio de coisa é essa?… Interessa inovar ou ser eficaz? Interessa MUDAR a todo o preço?… Em vez de haver um “controle de qualidade” eficiente, há uma ânsia de mudança que me parece pura perda de tempo e verdadeiro provincianismo nacional! Lá está o império da moda a espreitar!… 😦
E deposi, como o que se pretende é MUDAR vão-se buscar teorias já rançosas e desacreditadas mas que se aplicam a trouxe-mouxe na ânsia da tal mudança, como temos vindo a assistir desde há uns tempos. Quero frisar que não estou contra as mudanças, mas estou contra a mudança compulsiva, que leva a abandonar modelos que funcionam sem sequer os avaliar nos seus resultados. Devemos mudar sim, mas quando houver claras vantagens para as finalidades do ensino em fazê-lo! O verdadeiro motor de tudo deviam ser as FINALIDADES, não a pseudo-actualização do figurino, como quem abandona as cores vivas porque já não se usam neste outono!
Outubro 14, 2006 at 5:29 pm
De acordo consigo!
No sec. até se compreende. No básico é uma tontaria, atendendo ao nível etário dos alunos, entre outras coisas.As aulas de 90m foram pensadas para aulas de carácter mais prático, para escolas com condições para tal.Claro que as práticas têm de mudar, e foram mudando.
Na minha escola, a tontaria é tal que o CE deu ordens às funcionárias para marcarem faltas (de princípio sem os profs saberem) quando alguém deixava sair os alunos 1 minuto mais cedo.Por mais que chamasse a atenção em CP para estas medidas uniformizadoras, defendendo a autoridade e profissionalismo da esmagadora maioria dos profs,de nada me valeu.Chamar a atenção para os que por sistema fazem isso não é coisa que passe pela cabeça de certas pessoas!
Noutra escola 1 colega depois de ter chamado a funcionária (que não veio) porque lhe faltavam folhas de resposta para um teste, desceu as escadas e foi buscá-las à secretária da funcionária.Teve azar. A Presidente do CE, em altos berros mandou-a imediatamente para dentro da sala de aula!Pois que esperasse até a funcionária vir….Que edificante , para alunos, funcionários e professores!
Outubro 14, 2006 at 5:57 pm
Eu ontem acabei uma aula 15 minutos mais cedo. Mandei os alunos sair. Não ganhavam nada em estar lá. Sexta-feira, tinham Ed. Física a seguir, deixá-los ir.
Eu fiquei lá dentro religiosamente até tocar, corrigindo materiais de avaliação.
Embora não esteja numa escola fundamentalista, não vá o Diabo tecê-las…
Outubro 14, 2006 at 9:54 pm
eu aproveito para falar. Eles falarem. Conversas soltas sobre tudo. Vou conhecendo-os melhor assim e eles aprendem a descontrair numa sala, aplicando as regras de respeito mútuo.
Curioso é eles acabarem por saber que isso é possível, acontece ao acaso e acabam por nem dar pelo toque.
(na verdade eu prefiro isso quando estamos a mastigar conteúdos programáticos, ou melhor, a aplicá-los à vida real.
Mas a “fábrica” é uma fábrica! Nós somos os operários especializados e eles a “matéria prima”. Aí de nós se os “chouriços” não sairem formatados nas dimensões e qualidades prédefinidas…
Outubro 14, 2006 at 10:03 pm
Só agora reparei que, por qq acaso de introdução de dados, ando por este seu sítio a comentar como um tal zed!(?)
Não fico a ser melhor conhecido, mas sempre é um cartão de visita mais formal e menos incógnito.
Sou professor quase, quase a deixar de dar aulas de História no 3ºC, (já vou com uma aula apenas por semana!) depois de nunca mais as ter dado no Sec.. É provável que acabe em animador/entreteiner num futuro próximo.Para já, até tenho crianças com deficiência.
A grande novidade é ter numa aula uma outra “marcada” com o 319º e ser ela a única capaz de concluir temas e relacionar questões.
Temos uma profissão de espanto!
Outubro 15, 2006 at 2:09 am
Paulo Guinote, também deu penso dessa maneira. Mudar por mudar, só porque se acha “chique” andar em mudanças para parecer muito “progressista”, sem se avaliar a qualidade dessa mudança nem qual o progresso que de aí poderá advir, é deveras inútil e intelectualmente pretencioso.
Lembro-me de uma frase de António Victorino D`Almeida, a propósito desse assunto, que acho excepcional: «SER MODERNO É BOM OU MAU CONFORME A QUALIDADE DO PRESENTE!»
Está tudo dito!