Há uns anos, quando procurava materiais sobre práticas inclusivas na sala de aula e outras coisas com que os professore(a)s se preocupam sem que no Ministério se saiba, dei de frente com este relatório, elaborado para o DEE britânico, uma espécie de Ministério da Educação e Trabalho lá do sítio, porque em certos países as duas coisas são encaradas como se tivessem algo a ver uma com a outra.

Costumes estranhos…

Mas não é isso que interessa aqui. O que interessa é  que este é um daqueles estudos sobre as melhores estratégias para uma eficácia dos docentes na sala de aula, que a maioria dos nossos Cientistas do Eduquês nem querem ouvir falar. Eu deixo-lhes aqui o link para a localização actual do relatório, embora eu tenha feito a “descarga” há anos a partir de outro site, mas não vou deixar de enumerar aqui os nove princípios básicos apontados como fundamentais, numa versão abreviada.

1. Clareza em torno do assunto de cada aula, assim como quanto aos objectivos da escola.

2. Ordem dentro mda sala de aula, onde a disciplina e o comportamento civilizado são mantidos.

3. Um conjunto claro de padrões sobre como os alunos de devem comportar, sublinhando-se objectivos máximos e não mínimos.

4. Justiça e ausência de favoritismo, com as recompensas a corresponderem aos desempenhos.

5. Participação de todos, com oportunidade para os alunos questionarem, trocarem materiais e desenvolverem actividades similares.

6. Apoio aos alunos que tentam novas experiências, para que possam aprender (e não temer) com os erros.

7. Segurança, pois a sala deve ser um ambiente onde os alunos se devem sentir seguros de não serem ameaçados física ou psicologicamente.

8. Interesse, de modo que a sala de aula seja um ambiente estimulante para a aprendizagem.

9. Ambiente, pois a sala deve ser um espaço confortável, bem organizado, limpo e atrativo.

Como é fácil constatar, nos últimos 15 anos ninguém se preocupou em transmitir aos docentes uma mensagem deste tipo e, pelo contrário, fez-se todo o possível para dificultar a aplicação de parâmetros como a ordem e padrões elevados na sala de aula. Para além disso, no discurso actual sobre o “insucesso escolar”, a actual Ministra nunca toma em consideração outros como a segurança e o conforto do ambiente em que decorrem as aulas e apenas apela à quantidade de trabalho e não à qualidade.

Falta de perspectiva, falta de leituras, serão algumas das razões para isso, como excesso de teorias foram a causa de muitos equívocos em outros responsáveis políticos de um desajeitado e comodista Couto dos Santos a uma perniciosa bem-pensante e muito politicamente correcta Ana Benavente, sempre agarrada ás suas auto-avaliações e crenças na bondade natural da criança perante a aprendizagem.

Pelos vistos, há quem pense de outra maneira e, depois de estudar o problema, tenha encontrado outros modelos para garantir o sucesso na sala de aula: clareza, disciplina, rigor, busca da excelência, conforto, segurança.

Alguém ouviu isso na boca de quem sabemos?

Paulo Guinote