Domingo, 19 de Junho, 2011


The Head and the Heart, Rivers and Roads

A ler com atenção…

Solidarity Meets the Blogosphere at Netroots Nation

City Reduces Chronic Absenteeism in Public Schools

Da Imobilidade Como Estratégia À Esquerda?

Conheci a revista Tarja Preta numa feira de HQ alternativa em Lisboa, aí por princípios da década de 2000.

Havia bancas de venda de revistas de HQ e alguns brasileiros tinham vindo vender esse material, para mim ainda inédito. Conheci aí a revista Tarja Preta, penso que a primeira edição, ainda sem capa dura, mas já no formato que tem atualmente.

Gostei logo do formato do papel de jornal e do imenso número de páginas. Reparei que não era apenas uma fanzine, mas sim um projeto editorial alternativo, como o foi também a saudosa revista brasiliense Bongolê Bongoró, na linha dos Comix Underground norte americanos e ingleses, que pulularam na década de 1960 e 1970 e que mostraram ao mundo artistas ímpares como Robert Crumb, Gilbert Shelton ou Richard Corben, isto só para citar alguns.

Nessa feira de HQ alternativa também conheci a F. #001, uma revista em formato de álbum de vinil colorida, muito louca, que tinha como editores Alan Sieber, Leonardo e Arnaldo Branco, o criador do Capitão Presença. O mais alternativo que conhecia desde a década de 1980 do Brasil tinham sido as revistas Chiclete com Banana e a Animal, ambas paulistas, maravilhosas e das quais possuo as coleções.

A revista F. tinha, pela Gibiteca Editora, os diretores S.Lobo e Renato Lima e como diretor, pela Hy Brazil, o meu amigo Zé José, (Eduardo Sousa Lima) que conheci pessoalmente devido à sua revista Zé Pereira e, por isso, também conheci o Rio de Janeiro e o Matias Maxx. Numa noite chuvosa o Ze José me levou lá na sua Loja de produtos saudáveis, HQ alternativa e salão de exposições, o La Cucaracha. Estava no Rio também para levar à impressão a minha HQ em azulejos de fição ciêntífica “Aventuras de Jerílio no séc. 25” e mostrei a capa da revista em azulejos coloridos ao Matias – a prancha/painel… o cara adorou e fizemos aí uma espécie de acordo telepático para que eu participasse na Tarja Preta como colaborador (o que tinha sido o meu sonho de há algum tempo). Em Portugal, conheci outro colaborador da Tarja Preta, o Daniel Paiva, que se deslocou ao Alentejo (Zambujeira do Mar) para me conhecer e ver ao vivo a exposição dos meus trabalhos em azulejaria de fição científica, que estão patentes temporariamente num Bar de uns amigos, o ZZBar. Gostei muito de conhecer esse cara e também do documentário “Malditos Cartunistas”, o qual entreguei pessoalmente ao diretor do festival de Banda Desenhada da Amadora junto com o documentário “O Rio de Jano” do Eduardo souza Lima, para, quiçá, virem a participar nesse festival e noutros em Portugal e na Galiza, que certamente adorarão conhecer a produção de HQ, Cartun, Documentário e Animação brasileiros de primeira qualidade. (Isto é que é puxa-saquismo !)

Chegou agora a oportunidade, e fico feliz, de poder dar a minha colaboração a tão prestigiada revista que contará com colaboradores de renome brasileiros e penso que até o grande Laerte (de quem sou um grande admirador, não menosprezando todos os outros…) colaborará nesta grande revista que é a Tarja Preta.

Resta dizer que a minha ideia de fazer uma revista lusófona de HQ e cartun que fosse publicada no Brasil, em Angola e em Portugal continua a fervilhar; espero é que os artistas e editores destes países se mostrem interessados na sua criação, que cá estaremos para dar a maior força criativa nesse sentido.

Não nos peçam é dinheiro para este projeto, pois é coisa que desconheço a existência desde quase sempre… e acredito que os artistas brasileiros e portugueses também pouco têm visto do vil metal (infelizmente). Quem sabe se os nossos irmãos angolanos têm algum sobrando para realizar este projeto de real interesse cultural!

Grande Abraço.

Luís Cruz Guerreiro

A partir daqui, porque no site do Público não encontro a peça completa:

“Há uma percentagem relevante de alunos no sistema, que é difícil de quantificar, que tem reiteradas dificuldades em acompanhar os conteúdos curriculares que as escolas oferecerem. Se calhar deveriam ser justificadamente retidos, mas em muitos casos não o são. Mas é preciso dar resposta a estes casos”, defende. Dirigentes da CNIPE, da Federação Nacional de Educação (FNE) e da ANDE admitem a introdução de mais exames nacionais no percurso escolar obrigatório, nomeadamente através da transformação de uma ou duas provas de aferição, actualmente realizadas, em exames de avaliação. A Fenprof, no entanto, considera esta hipótese “um disparate total” e avisa: “Se esse for o caminho do novo Governo, vão muito mal”, diz Abel Macedo, do secretariado nacional. PSD e CDS já anunciaram que tencionam aumentar o número e o peso das provas nacionais e o novo ministro da Educação, Nuno Crato, é um defensor férreo da introdução de mais exames no percurso escolar obrigatório, nomeadamente no 4.° e 6.° ano. Uma visão oposta à da Fenprof: “O que dizemos é que os exames são a maneira mais pobre de aferir e avaliar os resultados dos alunos, porque não têm nada a ver com a evolução dos alunos ou com o contexto em que se ensina e que se aprende”, afirmou Abel Macedo ao PÚBLICO, antes de conhecer o nome do ministro da Educação.

Aguarda-se, portanto, a exposição da forma mais risca, ou remediada, de aferir e avaliar os resultados dos alunos. Sendo que, se é para avaliar os resultados, se fique sem perceber o que Abel Macedo quer dizer. O que está em causa é aferir e avaliar o desempenho dos alunos (e nesse caso é necessário apresentar uma alternativa aos exames e provas) ou os resultados desse desempenho (e nesse caso já foi feita qualquer coisa, exame ou outra).

Não é rara certa confusão conceptual nestas matérias, na pressa de falar sobre o que até é simples. Abel Macedo não costuma ser um dos casos mais graves de declarações impensadas, mas neste caso alia-se o enviesamento ideológico com a incorrecção prática.

Porque, ao que parece, para Abel Macedo os exames são acontecimentos singulares, esporádicos e interpretáveis sem atender a trajectos e contextos.

Ora, a introdução de uma cultura de avaliação periódica de final de ciclo deve ser feita, exactamente, com o objectivo de avaliar a progressão dos alunos ao longo do tempo e, sempre que possível, contextualizando e ponderando os resultados com variáveis externas que nem se devem limitar às económicas, mas igualmente às culturais (que equipamentos culturais têm os alunos à sua disposição na escola e fora dela, por exemplo).

Algo tentado, mas falhado, por uma equipa dirigida por Sérgio Grácio nos tempos do ministério de David Justino.

O discurso eduquês padrão contra os exames passa por apresentar os resultados dos exames como algo singular, isolado no tempo e no espaço. Ora, qualquer professor habituado a, no plano interno da escola, analisar a evolução dos resultados dos seus alunos ao longo do tempo (quer do mesmo ano de escolaridade ao longo do tempo, quer da coorte de alunos ao longo do seu trajecto), sabe bem que as coisas não são assim.

Sobre a correcção e classificação de exames do Ensino Secundário em 2010-2011

Parece-nos ser consensual que a correcção de exames nacionais é um trabalho de extrema responsabilidade e que se deve revestir da máxima fiabilidade. Está em jogo, muitas vezes, o trabalho e o futuro dos nossos alunos e têm direito a que o mesmo decorra da forma mais profissional e competente possível.

Como todos sabemos, este ano foram introduzidas um conjunto de alterações na forma como até aqui têm decorrido este trabalho e cumpre-nos minimizar possíveis problemas que decorrem sempre, com alguma naturalidade, da implementação de sistemas novos.

Nesta perspectiva, analisámos a legislação e na mesma afirma-se que será entregue a cada professor classificador um máximo de 60 provas (Despacho 18060/2010, artigo 5º, ponto 1). Sabemos que os agrupamentos de exames receberam ordens para entregarem o máximo de provas possível a cada professor classificador. No Despacho Interno do Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Educação de 15.3.2011 lê-se que são dados 10 dias aos professores para correcção e classificação das provas.

Apresente-se o exemplo do exame de Português da 1º fase:

Os exames são levantados no agrupamento no dia 22 de Junho e devolvidos no dia 4 de Julho. Temos, então, 6 dias úteis (considerando 8 horas de trabalho por dia) e dois meios dias (considerando que as provas serão recebidas de manhã e devolvidas à tarde, o que no conjunto dá mais 8 horas). Assim, 6×8 horas de trabalho diário=48 horas + 8 horas (2 meios dias) = 56 horas / 2horas (tempo médio de correcção de cada exame) = 28 provas. Isto sem considerar a hipótese de surgir outro trabalho na escola, por exemplo, de algum aluno interpor recurso, o que obrigaria a nova reunião do conselho de turma e implicaria ainda menos horas disponíveis para a correcção dos exames.

Por tudo o que foi acima exposto, não seria de considerar que todas as provas que ultrapassarem as que resultam das contas acima transcritas (de acordo com a especificidade de cada disciplina, entenda-se) deverão ou ser recusadas pelos professores classificadores ou serem pagas como trabalho extraordinário, caso o professor o aceite?

    19 de Julho de 2011

As professoras:

Ana Mendes da Silva

Rosa Medina de Sousa

Como a digna (sincera ou instrumental?admissão de um erro ou como um vacilar (sincero ou instrumental?) das convicções.

Louçã admite que hoje participaria nas reuniões com a ‘troika’

“Ideias disparatadas em 20 pontos desordenados para um ministro da Educação”

Campeões

Concordo, muito em especial com o desempenho lamentável dos comentadores da RTP2.

Cortesia do Livresco:

O que fazer com a reforma do Ensino Básico, suspensa na Assembleia da República?

Dirão os defensores do entendimento com a troika (mesmo os que se lhe opõem, argumentam com ele, para justificar contrariedades) que é necessário que seja já posta em prática uma qualquer reforma que leve a poupanças imediatas no próximo ano lectivo.

Discordo, porque os 195 milhões de poupanças são muito menos do que os 800 milhões poupados neste ano de 2011 e acordo com o OE. Podem dizer que esses 800 milhões tinham em conta o fim da AP e da bi-docência em EA e EVT.

Pois… mas então é possível estabelecer apenas algumas medidas transitórias (passar as horas agora atribuídas a Área de Projecto para disciplinas em monodocência e dividir o Estudo Acompanhado em duas aulas de 45 ou 50 minutos, cada uma atribuída a um docente, no caso do 2º CEB) e avançar para uma reforma a sério apenas em 2011-12, articulando melhor os 2º e 3º ciclos.

Isto permitiria uma poupança transitória (mesmo assim, na ordem dos 5% dos encargos directos com a componente lectiva do 2º ciclo e alguma coisa no 3º), beneficiaria algumas disciplinas que têm sido maltratadas nos últimos tempos (sou parcial, é o caso da História, mas também das próprias Ciências no 2º CEB) e permitiria fazer um desenho curricular coerente, não determinado apenas pela pressão das circunstâncias economicistas.

Relembro que o fim da AP era quase consensual entre os professores e que o EA sempre foi encarado com desconfiança nos moldes em que passou a funcionar, como aulas-extra disfarçadas de algumas disciplinas. Passar essas horas de bidocência para monodocência, de ACND para disciplinas hard-core (salvo seja) permite duas coisas: poupar algum dinheiro e reforçar a componente lectiva onde ela tem sido muito maltratada nos últimos 15 anos. Eu proporia esse reforço, à custa da AP, para Ciências e História/Geografia. E a transformação do EA em aulas assumidas de MAtemática e Língua Portuguesa.

E esta decisão (manter a suspensão, avançar com reforma já ou apenas com estes acertos) deve ser feita no espaço de tempo mais curto, pois é necessário planificar o próximo ano a todos os níveis (horários de alunos, de professores, planificações de disciplinas, de critérios para projectos curriculares de turma, etc, etc).

Para reter um aluno mais do que uma vez no mesmo ciclo, encarregados de educação têm de autorizar. Professores dizem que regras servem apenas para mascarar resultados.

Dificultar os chumbos para fabricar o sucesso. Para os professores, este é  objectivo das várias condições que têm de ser cumpridas para se poder reprovar um aluno no básico. Planos de recuperação, justificações escritas e uma legislação que determina claramente que a retenção “só ocorre após a aplicação de uma avaliação extraordinária” são alguns dos pressupostos que têm de ser cumpridos. E, para chumbar um aluno duas vezes no mesmo ciclo de ensino, a escola tem de contar com o aval dos encarregados de educação.

Que discordo frontalemente da continuação acrítica de um processo de piramidização da rede escolar e da cadeia de comando hierárquica na gestão dos estabelecimentos de ensino, com o pretexto da accountability.

A constituição de mega e giga-agrupamentos deve ser travada, assim como a desertificação da oferta pública em muitas zonas do país.

E é essencial a flexibilização do modelo de gestão, pois Autonomia não rima como Modelo Único. Ou há aqui uma inflexão e a abertura da possibilidade de retorno à constituição de equipas directivas, ou então mantemos a mesma lógica concentracionária do mandato anterior. O centralismo é tão mau à escala local quanto à nacional e muito pior quando é a única solução permitida. E a existência de equipas directivas, com funções claras, em nada diminui a possibilidade de responsabilização dos dirigentes escolares. Pelo contrário, permite que cada um tenha as suas atribuições e que isso não seja por mera delegação.

Indispensável ainda o regresso da possibilidade de escolha, por eleição, dos coordenadores de departamento e representantes de disciplina. Só assim se reforçarão os laços de coesão interna nas escolas que permitem um verdadeiro trabalho de equipa, não imposto por nomeações.

Uma avaliação do desempenho docente feita a sério, não-burocrática e tal, levantará muitos problemas a muita gente. Antes de mais, exige dinheiro e tempo e não é coisa para ciclos eleitorais, embora quatros anos cheguem e sobrem para a implementar. Em seguida, terá sempre a oposição de bastante gente, a começar pelos que podem arriscar-se a ter uma avaliação pouco fofinha e específica .

Página seguinte »