Quarta-feira, 10 de Março, 2010


Divine Comedy, If

Não vi. Confesso que nem me lembrei. No fundo, porque achei que nada de relevante passaria por aí. Enganei-me?

Mas então a Parque Escolar faz obras sem estudar o clima, ou o miniclima ou o microclima ou lá o que seja?

Não me digam que agora o clima em Beja é mais agreste do que em Braga ou Vila Real…

Chove dentro do pavilhão? A culpa é do clima, dizem ministra e técnicos da Parque Escolar

A ministra da Educação, Isabel Alçada, foi ontem surpreendida durante a visita à Escola D. Manuel I, em Beja, com uma situação inesperada: o pavilhão polivalente coberto, acabado de construir – ao abrigo do projecto de requalificação do edifício escolar -, deixa entrar água a ponto de interditar o espaço às aulas de Educação Física.

A governante, que disse ter sido informada da situação ontem de manhã, não escondeu o incómodo quando os jornalistas a confrontaram com o problema. E argumentou com uma insólita explicação. “Foi-me dito que o miniclima de Beja está relativamente diferente, graças ao Alqueva, que refrescou a cidade, e que tornou um pouco mais húmida esta zona.”

… começa a ver-se muita coisa de modo mais nítido, sem ser necessário usar muita informação reservada ou apresentar deduções elementares a partir das jogadas conhecidas de alguns peões.

Comecemos pela coreografia de alguns actores:

  • Isabel Alçada conseguiu graças a uma inegável capacidade de sedução pessoal neutralizar muitas crispações no sector da Educação. Não decidiu propriamente nada de relevante, mas pelo menos conseguiu ter o efeito de um sedativo num paciente muito agitado. Não resolveu a doença, apenas controlou os seus sinais mais evidentes para os observadores externos. Vamos por partes: desde o acordo que os sindicatos mais aguerridos e façanhudos de outrora se tornaram cordatos parceiros do ME, chegando mesmo a apelar à greve conjunta da Função Pública, mas explicitando que a mesma não era contra a tutela, mas sim contra a malandragem do Governo. Como sabemos há o ME e há o Governo. São entidades separadas e não solidárias. Esta foi uma proeza de monta, até porque permitiu que o verdadeiro ministro da pasta se deixasse de ouvir com grande frequência. E outra maior que foi tornar quase afónicos, em nome do sorriso e da amizade, alguns dos trovadores e prosadores mais verrinosos de outrora contra as políticas educativas, sem que elas tenham efectivamente mudado.
  • Mas se para fora passou esta imagem de acalmia, parece que internamente as coisas estão a fracturar-se com alguma rapidez, resultado provável de uma equipa constituída na base da colagem de peças de jogos diferentes. Consta e parece ser notório, até com um ou outro episódio público como na demanda nortista do engenheiro e equipa da Educação, que algo anda mal no reino da Dinamarca. Ao que parece haverá por ali níveis diversos de lealdades verticais e horizontais e nota-se que há quem puxe para um lado, enquanto outros fazem finca-pé e a sedutora tenta almofadar os choques. E depois há as teimosias do engenheiro de não querer ceder, muito menos aos zecos que se licenciaram em dias úteis da semana. Não lhes perdoa a insubordinação. Mas há quem tenha a percepção que sem ceder em alguns aspectos é impossível chegar a qualquer lado. Só que é preciso apresentar argumentos. Mas há problema com a origem de quem os apresenta. E é preciso ir pedi-los algures para terem mais peso. Ou algum peso. E isto torna-se um emaranhado estranho em que tudo acaba paralisado, por incapacidade em avançar para qualquer lado. E está tudo em banho-maria – e  estamos a acabar o 2º período – porque ninguém pode avançar sem ordem expressa do iluminado e o iluminado não sai da trincheira. E para o fazer sair é preciso que venham palavras mansas de gente amiga. E os outros à espera. E nós a ver. A maior parte sem perceber.
  • E depois há isso mesmo: uma imensa paralisia no sector da Educação onde tudo passou a estar adiado, desde o que deveria ter sido sempre feito devagar (Magalhães e Parque Escolar, que vai reduzir a velocidade de cruzeiro se eu não me engano muito, pois parece que estão a entrar pedrinhas na engrenagem da agilização de procedimentos…) até ao que não se percebe porque pára depois de tanta preparação ou urgência (programas de Língua Portuguesa, reforma curricular), passando pelo que se percebe porque não avança em virtude do que ficou (mal) explicado mais acima (revisão do ECD, reforma da ADD, esclarecimento da avaliação intercalar, revisão dos critérios para a elaboração dos horários, retoques no modelo de gestão escolar). Onde antes existia torrente legislativa agora existe marasmo e adiamento. NAda parece decidir-se, antes se suspendendo, mas em forma de suspensão pouco clara. E tudo fica sem perceber quem manda ou que se pode fazer. E entramos no império dos pedidos de esclarecimento para as DRE, que esclarecem a gosto, de forma casuística e de modo diferente conforme o ponto cardeal e a hora do dia.
  • E, claro está, graças a isto consegue perceber-se – talvez seja a única vantagem evidente do acalmar da tempestade dos últimos anos – que as escolas estão a funcionar nos limites da governabilidade, sendo que por iosto se entendem diversos níveis de funcionamento do sistema educativo. Antes de mais, o ambiente de muitas escolas e agrupamentos degradou-se muito nos últimos anos e este estado de indecisão não conseguiu aionda inverter a situação, pois os desmandos reduziram-se mas não pararam em muitas coutadas particulares. Em seguida, já se percebeu que o novo modelo de gestão nada trouxe ou vai trazer de especialmente diferente no bom sentido. E, claro, começam a surgir à luz do dia muitos dos casos perturbantes que constituem o quotidiano das escolas e que até agora ficavam obscurecidos por outras lutas e porque se torna mais difícil impor cortinas de silêncio a não ser pela força, em tempos de acelerada circulação de informação e ausência de solidariedades internas fortes.

Eu sei que este post está algo emaranhado e não muito claro, para quem não esteja muito atento a muitos dos matizes do que se passa, só que me apeteceu mimetizar o processo de decisão em que se enredou o ME na generalidade das matérias da sua responsabilidade. Tirando o acordo temos um não-Ministério da Educação.

Mas é verdade que eu posso resumir assim as coisas:

  • Isabel Alçada conseguiu uma trégua e tem conseguindo mantê-la com os sindicatos, mas sem que isso se traduza em nada de substantivo e concreto ao fim de dois meses.
  • Internamente, quem no ME está preocupado em solucionar alguns problemas vai percebendo que a margem de manobra é mínima, que tudo depende dos humores do primeiro-ministro e que é necessário encontrar métodos alternativos para fazer-lhe ver a razão.
  • As escolas estão a trabalhar numa situação de indefinição muito grande e com um grau de coesão diminuído que as torna menos eficazes na sua missão. Porque é difícil colocar em prática projectos quando a sua concepção e objectivos não são partilhados por não serem resultado de um processo de decisão em verdadeiro espírito de equipa.
  • Perante isso, os problemas – não só de indisciplina – acumulam-se e vão atingindo níveis muito complicados. E surgem à vista de todos como se de uma novidade se tratasse. Mas não é. E perdeu-se muito tempo – está a perder-se muito tempo – a agir para os minorar.

A solução?

Que o titular da pasta da Educação passe a ser quem está na 5 de Outubro, que tenha capacidade de acção autónoma e que se comece a fazer qualquer coisa de concreto. Ao fim destes meses, já era tempo de se perceber ao que andam. Não se percebe. Ou melhor, mais valia que não se percebesse que não podem andar a nada porque não os deixam.

O Ad Duo divulga parte do texto que está a chegar às caixas de correio das escolas e agrupamentos e que consta assim:

“Considerando a necessidade de esclarecer dúvidas surgidas na aplicação do disposto da alínea b) do n.º 6 do art.º 7.º do Decreto-Lei n.º 270/2009, de 30 de Setembro, a que faz referência o n.º 2 da Nota Informativa divulgada em 5 de Fevereiro por esta DRE, devem as direcções dos agrupamentos aguardar orientações a este propósito que serão em breve remetidas.”

Agora o que eu gostava de saber é se os apressadinhos do costume – com pedidos de OI e marcação de aulas assistidas – vão necessitar de levar as cotoveladas que levaram o ano passado e nem sempre com o devido resultado, até atinarem com a coisa.

Será que com uma cadeira ou mochila perceberiam melhor?

Já agora, o nº 6 do artigo 7º do 270/2009 reza assim:

6 — Com excepção do disposto no número seguinte, até ao final do 2.º ciclo de avaliação de desempenho (2009 -2011) aplicam -se as seguintes regras em matéria de progressão ao escalão seguinte da categoria:
a) Os docentes que preencham o requisito de tempo de serviço no ano civil de 2009 podem progredir ao escalão seguinte da categoria desde que, cumulativamente, obtenham na avaliação de desempenho referente ao ciclo de avaliação de 2007 -2009 a menção qualitativa mínima de Bom e que a última avaliação de desempenho efectuada nos termos do Decreto Regulamentar n.º 11/98, de 15 de Maio, tenha sido igual ou superior a Satisfaz;
b) Os docentes que preencham o requisito de tempo de serviço no ano civil de 2010 podem progredir ao escalão seguinte da categoria desde que, cumulativamente, tenham obtido na avaliação de desempenho referente ao ciclo de avaliação 2007 -2009 a menção qualitativa mínima de Bom e que, a requerimento dos próprios, seja efectuada, em 2010, uma apreciação intercalar do seu desempenho para efeitos de progressão e que a menção qualitativa obtida seja igual ou superior a Bom;
c) Os docentes que preencham o requisito de tempo de serviço no ano civil de 2011 podem progredir ao escalão seguinte da categoria desde que cumpram os requisitos previstos no artigo 37.º do Estatuto da Carreira Docente.

Fica aqui o artigo original.

Pense-se o que pensar dos tempos em que tivemos de a ouvir em cadeiras que não gostava de leccionar, goste-se ou não da forma verrinosa como escalpelizava as insuficiências alheias, é de elementar justiça considerar que Maria de Fátima Bonifácio é uma das melhores especialistas no século XIX português, em especial na vertente de uma nova história política que emergiu ali pelos anos 90 do século XX.

A escrita é objectiva e clara, a leitura rápida. E  muito mais portátil do que o volume da História de Portugal em que o discípulo indirecto de espraia pelo mesmo território.

Com jeitinho a culpa será do professor, que não assegurou o sucesso ao aluno. E fico por aqui, porque é a escola onde fiz o meu ciclo preparatório (em anteriores instalações) e até conheço lá muita gente, demasiada gente, assim como sei mais do que gostaria sobre a cultura que faz o húmus deste tipo de comportamentos.

Rapaz agrediu professor com cadeira

Aluno de 12 anos atacou o docente, que ontem foi  de muletas à Escola D. Pedro II, que  já abriu um inquérito

Um rapaz de 12 anos agrediu violentamente um professor, na sala de aula e em frente aos colegas, atirando-lhe com uma mochila na cara e batendo-lhe com uma cadeira nas pernas. O caso aconteceu segunda-feira numa turma do 6.º ano da Escola D. Pedro II, na Moita. O professor sentiu-se mal, correu para a casa de banho a vomitar e teve de ser assistido no Hospital do Barreiro. A escola já abriu um processo disciplinar ao aluno, que ontem foi à escola. O professor também surgiu na escola de muletas, mas não deu aulas.

É o que se depreende da forma como Zeinal Bava fala aos deputados sobre os cash-flows e demais fluidos financeiros da PT. Aquilo é 1,3 ou 1,5 biliões de euros para aqui, aquilo são 750 milhões para ali.

Estou esmagado pela importância da PT e do seu administrador. E acho que a forma como alude, de modo sobranceiro, à ignorância dos deputados sobre as technicalities do processo de decisão numa empresa remete directamente para um antigo episódio protagonizado por Belmiro de Azevedo.

E tem muito de precoce arrogância. Ou então é a consciência da baixa valia (da carteira) dos deputados.

Este homem é bom. Não recebe lições de ninguém, porque a PT está co(i)tada na bolsa de Nova Iorque.

(As empresas do Madoff trabalhavam onde?)

BE organiza audição pública sobre gestão escolar

O Bloco de Esquerda vai debater no dia 18, numa audição pública, as alterações que propõe ao modelo de gestão escolar, entre as quais a possibilidade de as escolas voltarem a poder optar entre um diretor ou conselho executivo.

De acordo com o anteprojeto de lei que o partido vai debater com professores, associações de pais e alunos, entre outros, «urge recuperar e alargar os instrumentos de autonomia e democracia na gestão e administração das escolas».

Segundo o documento, a que a Lusa teve acesso, redigido pela deputada Ana Drago, devem ser as escolas a escolher se pretendem um órgão executivo colegial (conselho executivo) ou unipessoal (diretor), como acontecia no regime anterior.

Por outro lado, o partido defende que os cargos intermédios de coordenação científico pedagógica e de coordenação de estabelecimentos escolares deveriam ser eleitos pelos docentes e que os profissionais e alunos devem estar em «clara maioria» no conselho geral, órgão de direção estratégica das escolas.

E explicam porque, por vezes, é necessário saber se privado e público batem certo:

Senador anti-homossexual confessa: “sou gay”

Roy Ashburn tem 55 anos, é pai de quatro filhos e era até ao início desta semana assumidamente anti-gay. Agora o senador norte-americano na Califórnia, que se opôs durante 14 anos a medidas que dessem direitos aos homossexuais, assumiu a sua homossexualidade depois de ter sido apanhado a conduzir sob efeitos do álcool, saído de um bar gay. Em entrevista à KERN, o senador confessou: “Sou gay!”
Depois de tantos anos a votar contra alterações legislativas Roy Ashburn justificou que as suas acções não reflectiam o “conflito interno” em que vivia mas aquilo que os eleitores queriam que ele fizesse.
Ashburn já vetou este ano um dia para homenagear um activista pelos direitos gay, Harvey Milk e vetou ainda leis contra a discriminação e o reconhecimento do casamento homossexual que fosse celebrado fora do Estado da Califórnia.
As consequências da revelação já começaram a sentir-se, Ashburn já afirmou que não vai voltar a candidatar-se a nenhum cargo político.

Diário do Minho, 10 de Março de 2010

Exmo(a) Snr (a) Dr(a)

No 29 de Maio de 2010, terá lugar, na Universidade do Minho, o seminário internacional *Avaliação de Professores: Perspectivas nacionais e internacionais.* Neste seminário internacional, discutir-se-ão as principais questões que se colocam à avaliação de professores e ao seu desenvolvimento profissional, nomeadamente:

– Quais são os propósitos da avaliação de professores?

– Quais são as componentes essenciais de um sistema de avaliação de professores de qualidade?

– Como deve ser documentado o desempenho docente?

– Como ajudar os gestores, os formadores e outros actores dos sistemas educativos a analisar, de forma crítica, os procedimentos de avaliação dos professores e do seu ensino?

– Como implementar dispositivos de avaliação que mobilizem os professores, simultaneamente, para um ensino de qualidade e para o seu desenvolvimento profissional?

– Quais são, na actualidade, as tendências internacionais da avaliação dos professores?

As Conferências estarão a cargo de* Christopher Day* da Universidade de Nottingham, Reino Unido *: **Formas de Avaliação Docente em Inglaterra: profissionalismo e performatividade* e de *Jean-Marie De Ketele*, da Universidade de Louvain-la-Neuve, Bélgica*: **A avaliação do desenvolvimento profissional dos professores: postura de controlo ou postura de reconhecimento?*

Convidamo-lo a consultar o site do seminário –
http://sites.google.com/site/seminarioavalprof/ e agradecemos a divulgação.

Alex Raymond, Rip Kirby