O Desporto Escolar foi um dos alvos preferenciais deste ME quando iniciou a sua actividade, tal como o foi a Educação Especial.
Não foi completamente torpedeado porque, consta por aí, houve quem conseguisse – por dentro – resistir à investida e sobreviver.
Resta perceber porque outros sectores não tiveram essa capacidade de resistência.
O recorte é da revista Única de ontem. Falta-lhe a parte final porque se eu digitalizar tudo, depois acaba por não ficar visível, devido ás actuais restrições do WPress em termos de dimensão das imagens armazenadas.
Agosto 24, 2008 at 12:18 pm
O problema está em expressões como a que ali aparece – modalidades amadoras.
Porque raio é que o futebol pode ter expressão a nível profissional e outras modalidades não?
Mesmo que não cheguem lá, podiam sempre tentar aproximar-se desse estatuto. Mas não, os amadores devem ser os coitadinhos que praticam a modalidade por gosto e carolice, ou qualquer coisa do género.
O futebol tornou-se o vício desta nação, que tristemente só vê notícias de futebol e pouco mais. Os clubes parece que só vêem futebol à frente e, tirando uma ou outra época do ano em que lá surge outra modalidade (como o ciclismo, agora), o futebol é tema de notícias nos telejornais o ano todo. É um autêntico enjoo de futebol. E depois ainda há aqueles programas só sobre futebol com comentadores altamente credenciados para o efeito.
Felizmente ainda há a Rtp2 que lá faz umas emissões com outros desportos. Mas mesmo assim, quando aparece uma notícia de que um Nélson Évora foi campeão mundial de triplo salto ficamos parvos a olhar para a tv porque nem sabemos quem é o rapaz!
É uma conjuntura de vários factores. Passa pelo Desporto Escolar, pela importância que os clubes dão às outras modalidades, pelos apoios que o Estado dá às outras modalidades, pelo tratamento jornalístico dos diversos desportos…
Agosto 24, 2008 at 2:02 pm
Vou dar um eloquentíssimo exemplo.
O Colégio Conciliar de Maria Imaculada, da Cruz da Areia, Leiria, venceu o “Interamnia World Cup” na categoria de iniciados femininos, em 2007.
Dito de outro modo, as meninas do 8.º ano deste colégio foram campeãs mundiais de andebol em clubes escolares.
Quase a mesma equipa de meninas jogava andebol também na União de Leiria.
Mas quem pagava todas as despesas, incluindo as despesas com os treinadores eram os pais das meninas, entre as quais estava uma sobrinha minha.
As meninas treinavam e jogavam andebol à conta dos pais.
Onde estava o Estado?
E os clubes?
No ano seguinte, a União de Leiria acabou com a equipa. E quem pagava as despesas eram os pais!
Querem ganhar medalhas?
Talvez na loja dos chineses vendam algumas baratinhas!…
Agosto 24, 2008 at 2:12 pm
O Mário Crespo volta a surpreender pela positiva.
Agosto 24, 2008 at 3:12 pm
O Desporto Escolar nã
Agosto 24, 2008 at 3:26 pm
O Desporto Escolar não forma atletas, nem é esse o seu objectivo.
O Nélson Évora tem o mesmo treinador há 18 anos, um professor especializado em Atletismo. No Desporto escolar os professores mudam, na maioria dos casos, todos anos, orientam várias modalidades.
E nenhum professor consegue ser excelente treinador de Futebol, Andebol, Atletismo, Natação, etc.
Tal como outras área da escola o Desporto Escolar sofre as consequências da mobilidade docente.
Como é que uma escola pode ter uma boa equipa de Atletismo ou de outra modalidade, se não tiver nenhum professor de EF especializado ou com experiência nessa área?
Agosto 24, 2008 at 3:55 pm
Paulo,
Na sequência do ataque brutal desferido por este desgoverno contra os subsectores do Desporto Escolar e a Educação Especial, logo de início do mandato governamental, é de notar que os “cargos” que não tiveram lugar para o sorteio de tritolé (2007) foram justamente o de Coordenador de Desporto Escolar e de Coordenador de Apoio Educativo/Educação Especial (ECAE/s). Justamente os “cargos”, que a par de Director de Turma, constituiram e constituem o grupo de cargos-chave pedagógicos de uma escola.
Agosto 24, 2008 at 4:37 pm
DA,
Há casos (escassos, eu sei) de escolas aqui do “deserto” com boas equipas a competir em campeonatos como de basquetebol.
O Desporto Escolar, bem conduzido e fomentado, pode levar, se não á formação, pelo menos à detecção de futuros atletas.
É esse o mecanismo que funciona nos EUA que, até este ano, tinham o domínio nas modalidades ditas “amadoras”, depois da desagregação da URSS.
Agosto 24, 2008 at 5:22 pm
DA,
Quando se fala em Desporto Escolar (eu pelo menos, penso assim), não significa que seja por aí que se vá formar verdadeiros atletas e campeões. Até porque, como disse e bem, a existência de um professor especializado é fundamental.
Todavia, e como o Paulo refere, é uma forma de detectar futuros atletas. Não quer dizer que seja a única ou a melhor, mas é um veículo que permite integrar muitos jovens no desporto. Muitos saiem passado algum tempo, mas outros ganham-lhe o gosto e acabam por se federar. E há quem chegue mesmo a integrar a via profissional.
Lembro-me bem do caso de um rapaz da minha terra que entrou para o Andebol pelo Desporto Escolar e no seu percurso desportivo acabou por ir parar até ao ABC de Braga.
Agosto 24, 2008 at 5:25 pm
Concordo com o que diz o Paulo.
O desporto escolar pode motivar e detectar futuros bons atletas.
Na escola básica e secundária que os meus filhos frequentaram havia e há uma forte componente desportiva, nomeadamente a nível de atletismo e tánis de mesa. E muitos alunos têm ganho campeonatos nacionais e internacionais. Os meus filhos desistiram.
Valores mais “altos” se devem ter “levantado”. Alguns dos colegas que continuaram (tinham treinos quase todos os dias após as aulas), ganharam várias medalhas em competições. Treinados por um óptimo professor de EF que dedica quase todo o seu tempo a treinar os alunos, de há muitos anos a esta parte. Ainda um destes dias um dos amigos dos meus filhos dizia conhecer bem o Nélson Évora. Tinham participado com ele em várias competições.
O problema é que esse trabalho não tem depois consequências devido à organização escolar e aos apoios posteriores.
Se fosse futebol……
Agosto 24, 2008 at 5:28 pm
Mas o importante é formar atletas que ganhem medalhas? É para isso que entendem dever existir desporto escolar?
Se assim é, por mim, pode acabar já.
Se for para criar uma população mais saudável incutindo-lhe hábitos de exercício físico na juventude, de forma a que se mantenham ao longo da vida, todo o dinheiro é justificado. Para criação de vedetas artificiais, gente que mais nada sabe fazer que passar os dias a treinar a sua modalidade de forma igual ao que chamamos “trabalho infantil” se for a cozer sapatos,já tivemos a DDR e agora a China.
Agosto 24, 2008 at 5:33 pm
Pêndulo,
A conversa começou por aí suscitada pelo artigo que o Paulo apresentou…
Não significa que o desporto escolar deva existir para esse fim. De todo.
Agosto 24, 2008 at 5:36 pm
Mas acho graça a esta sua afirmação.
Para criação de vedetas artificiais, gente que mais nada sabe fazer que passar os dias a treinar a sua modalidade de forma igual ao que chamamos “trabalho infantil” (… )
Agosto 24, 2008 at 5:45 pm
Paulo e DA,
Ao pretender que o Desporto Escolar seja uma ferramenta para o auxílio da detecção ou formação de futuros atletas, que eu acho perfeitamente possível e obviamente aconselhável, torna-se fundamental mudar toda a lógica da sua acção.
Na actual orgânica de funcionamento do Desporto Escolar quais são os seus objectivos finais?
Com será possível que isto (http://sitio.dgidc.min-edu.pt/desporto/Paginas/Programa_Desporto-Escolar07-08.aspx ) seja apresentado e depois tenhamos estas realidades:
– A maioria das Escolas raramente pode fazer os seus horários, devido a diversos condicionalismos, tendo em conta o ideal funcionamento do Desporto Escolar;
– Os alunos são, por norma, “pescados” pelos professores de Educação Física para a participação em Grupos/Equipas;
– Os professores que possuem modalidades com Quadro de Competição têm de muitas vezes fazer centenas de Km ao longo do ano, muitas vezes com as suas próprias viaturas, aos sábados e mesmo nos fins de semana;
– Os encontros e torneios em fins de semana muitas vezes obrigam os professores e alunos a dormirem no chão dos pavilhões, não sendo oferecidas as condições mínimas de conforto e bem-estar;
– As condições materiais para a práctica desportiva nas escolas são as que conhecemos além de que as verbas destinadas ao apoio dos grupos-equipas de D.E. raramente são as adequadas.
Daí que dizer que “o Desporto Escolar promove estilos de vida saudáveis que contribuem para a formação equilibrada dos alunos e permitem o desenvolvimento da prática desportiva em Portugal”, é dizer a verdade…
… se tirarmos dali o “Portugal”…
…
Agosto 24, 2008 at 6:14 pm
Já me vai faltando a paciência para a conversa de que a EF é uma actividade muito boa para hábitos saudáveis e para uma formação equilibrada dos alunos e jovens.
Já me vai faltando a paciência para a conversa de que o que importa é participar.
Para quando a conversa de que competir e ganhar são importantes?
Se levarmos esta conversa para o nível da escola e dos resultados, não nos poderemos depois queixar da falta de brio de muitos dos nossos alunos que trabalham para os mínimos.Quantos de nós já não ouvimos alunos a fazerem contas à vida e a dizerem que basta ter zero no exame, pois a média entre CIF e CFE lhes serve muito bem?
Agosto 24, 2008 at 6:23 pm
Pêndulo,
Assumo um pouco a atitude da Fernanda.
Eu acho muito interessante competir, mas não tenho nada contra ganhar.
A ideologia do «importante é competir», em eduquês, traduz-se em «o importante é ir à escola».
É um começo.
Mas não chega.
😉
(isto dito por um praticante amador de xadrez e há muito, muito tempo, de badminton, aquela coisa em que se anda atrás de um objecto com penas com umas raquetes que parecem mata-moscas, sem nunca ganhar mais do que uma medalhita distrital)
Agosto 24, 2008 at 6:36 pm
Se a Fernanda for prof. de EF dá as notas consoante os tempos obtidos nas corridas?
Agosto 24, 2008 at 6:41 pm
Paulo, claro que há torneios e a “cenoura” da vitória é que faz correr mais. Porém o mais importante no Desporto Escolar parece-me ser Educar. As medalhas são o meio para se atingir o fim e não o fim em si mesmo.
A competição a sério deve correr fora da Escola, nas fábricas de atletas.De outra forma os menos afortunados tenderão a desistir, ora correr, mesmo que devagar por não se conseguir mais, é bom.
Agosto 24, 2008 at 6:48 pm
Mas o “Desporto Escolar” existe? Sempre me ri desse conceito que eventualmente é diferente do meu, pois gostaria de ver coisas mais a sério.
Eu entendo-o como uma actividade de competição, com verdadeiras equipas representativas das escolas (com equipamento e tudo), disputando vários campeonatos. E não as eventuais formações de alunos que anualmente participam.
Penso eu de que…..
Agosto 24, 2008 at 7:18 pm
Boa pergunta, Pêndulo!
À qual, honestamente, não sei responder.
Queria só diferenciar as aulas de EF e o Desporto Escolar pois me parecem ter procedimentos e objectivos diferentes, embora complementares.
Várias vezes tenho perguntado a colegas de EF se é falsa a ideia que fui formando de que a EF se baseia muito mais em jogos do que em outras actividades absolutamente fundamentais como base para qualquer tipo de desporto – o equilíbrio, a concentração, a respiração, a flexibilidade, os alongamentos, o aquecimento,a força, etc.
A resposta tem sido que esta minha ideia é falsa.
Ainda bem. Não sei porquê, tinha uma certa desconfiança….
Agosto 24, 2008 at 7:18 pm
Pêndulo,
O Desporto escolar, propriamente dito, tem a sua base nas escolas, mas provas a nível concelhio, distrital, etc, que não contam para a avaliação da disciplina.
E há que admitir que as escolas, pela rede universal que estabelecem, serão a melhor forma de captar e encaminhar os jovens para os seus desportos de eleição/vocação.
Os clubes de bairro e as colectividades são importantes, mas quantas vezes os treinadores que por lá andam não são os professores de Ed. Física das escolas próximas?
Agosto 24, 2008 at 7:30 pm
Os critérios, impostos pela equipa ME, para avaliação dos alunos na disciplina de Educação Física, são verdadeiras pérolas …
A prática de qualquer modalidade de desporto é jogar para ganhar, para dar o seu melhor.
Agosto 24, 2008 at 10:37 pm
Como tudo isto dá é para rir, aqui vos deixo com a preciosa colaboração de Nicolau Tolentino que fez o original, uma…
MULA HISTÉRICA EM PEQUIM…
Vai, mísero equídeo, bandalho lazarento
Correr em outras pistas livremente;
Vai a outros lados, onde não haja gente
Que te ponha histérica com tal ajuntamento:
A medalha, -teu improvável ornamento!-,
Não a terás em Pequim – ó dor veemente!
O teu salto olímpico ali ficou pendente,
Como o nosso esforço que foi lançado ao vento:
Doze milhões de euros gastastes -é dinheiro!-,
Os “perguiças” e tu histérica mula em nosso nome,
E por isso mereceis em Lisboa este letreiro:
— “Deste país onde já não se vive nem se come
Partiu pr’a Pequim, o mais rápido sendeiro,
Que merecia morrer de vergonha e de fome!
Vsramos.
Agosto 25, 2008 at 2:04 am
Parece que a Mula Histérica vai ficar na história da participação portuguesa dos jogos olímpicos.
Agosto 25, 2008 at 2:05 am
queria dizer “nos” em vez de “dos”
Agosto 26, 2008 at 1:52 am
“Os Jogos Olímpicos e as AEC
Os Jogos Olímpicos terminaram e com eles, quer queiramos quer não, ficou muita desilusão neste cantinho à beira-mar plantado. Nelson Évora lá foi disfarçando os resultados e tudo ficará como dantes.
No entanto, em momento de balanços há aspectos que não podem ser esquecidos. Com efeito, as pretendidas medalhas não caem do céu aos trambolhões e com o nível de especialização e de superação que actualmente caracteriza o desporto, só a aposta desde muito cedo e de forma estruturada na prática do exercício físico e desportivo poderá proporcionar com que a longo prazo lutemos por medalhas.
O que fez o actual Governo?
Apostou na secundarização da Educação Física no 1º Ciclo ao remetê-la para as Actividades de Enriquecimento Curricular atribuindo-lhe um carácter de mera ocupação de tempos livres, para entreter meninos, sem qualquer perspectiva de aposta na educação física das novas gerações e na formação de uma élite desportiva que, a longo prazo, nos proporcione o êxito que outros países alcançam, de que a Espanha é apenas um exemplo entre muitos.
Com este apoucamento da Actividade Física e Desportiva, como poderemos algum dia almejar resultados diferentes?”
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